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quarta-feira, 7 de julho de 2010

70 ANOS - HOMENAGEM PÓSTUMA

O texto que segue na íntegra, foi escrito por minhã irmã à época do aniversário (02/03) do nosso pai. Transcreve sentimentos ímpares, mas mútuos pra nós, filhas desse INCRÍVEL pai.

Se o Sérgio Pinheiro estivesse vivo, hoje ele completaria 70 anos. Mesmo não estando entre os vivos, hoje é aniversário do seu nascimento. Gostaria de homenageá-lo. Se estivesse por aqui, abraçaria aquele corpo magro que me transmitia tanta segurança. Beijaria aquelas bochechas que só existiam, porque ele vivia a base de remédios que aumentavam sua face magra para uma deliciosa superfície fofa. E falaria como ele foi importante na minha vida, tão significativo que nunca imaginei ter um filho que não pudesse ter um pai como ele. E claro, acho que não terei filhos. Eles nasceriam sem essa maravilhosa fonte de felicidade, ainda que fosse em forma de avô... Ele seria um excelente avô. Provavelmente leria horas para seus netos, como leu para mim. Filosofaria sobre a vida e faria deles pequenos filósofos. Eles, por seu lado, teriam um avô a quem relatar suas atividades criativas e também um avô que os encheria de doces e de todo tipo de cultura... Cinema, teatro, museus, parques, espetáculos e o mundo virtual, pois claro, seu avô não perderia isso por nada.

Meu pai não seria apenas um excelente avô como também seria um ótimo representante da 3ª idade em pleno movimento revolucionário da idade. Nessa altura, a informação imperativa já o teria convencido que o cigarro não era mais "in", mas tomar vitamina ou ração humana sim, era o "must" da moda. Ele já teria entendido que a bocha teve suas revoluções e que a cerveja ganhou várias outras opções. Ele já teria me dado um ótimo toque sobre como mudar de emprego e ainda me apresentado para toda uma geração de sucesso empresarial. Muito possivelmente teríamos assistido a final dos jogos de inverno de Vancouver. E sim, teríamos comemorado a vitória do São Paulo e sorrido felizes para o Santos contra o Corínthians. Esta semana faríamos apostas para o Oscar e falaríamos dos tristes apostadores da mega-sena que não levaram o prêmio no Rio Grande do Sul. E hoje, especialmente, sairíamos para jantar e comeríamos o bolo que a mamãe não deixaria de fazer. Mais importante ainda, ficaríamos abraçados sabendo que não existe nada melhor que a companhia de pai e filha. Sim, é muito bom imaginar meu pai vivo aqui em 2010, tendo que fazer dieta depois de encher a cara de costela na casa da Beth no domingo, sim, porque não teria sobrado nada se ele tivesse ido almoçar lá. Como sei que minha dieta provavelmente iria por água abaixo se ele me convidasse para uma caminhada, pois essa fatalmente acabaria numa pizzaria. E que ele ainda ficaria preocupado por eu não dormir em casa, por eu ter cabelos brancos e não ser milionária, por eu não dar bola pra casamento apesar de gostar de rapazes. Mas ainda sim, estaria orgulhoso de mim e diria sempre que encontrase um amigo, como sou inteligente e bonita.

Bem, meu pai era dono de tantas qualidades e peculiaridades que não tenho como falar de todas elas nessa tentativa de homenagem aos seus 70 anos.
O que mais posso falar sem abusar do estilo baba-pai que me orienta, e que ele provavelmente não apreciaria por ser um ótimo sintetizador de textos, e que eu e todos os seus queridos vivos gostaríamos de tê-lo por perto com um dos seus comentários mordazes ou bem-humorados. Com sua esfregadinha de mão sempre que estava animado ou com frio. E mesmo com seu ronco e sua depressão silenciosa e esporádica, ele seria bem-vindo nesse mundo adulto, frio e por vezes sem graça. Ele humanizou o mundo e para mim foi o melhor exemplar de pai que o Pai do céu poderia ter me dado. Afora a Ivana, você não teve esse privilégio. Mas se o seu pai ainda vive, mande uma mensagem para ele, dê um abraço, faça um carinho nele por mim. Acredite-me, hoje era tudo o que eu queria.

2 comentários:

  1. Sabe que quase chorei lendo o texto no seu blog?! Parecia a sua emoção e não a minha, e me emocionei com ela...rs. Coisas que só mesmo esses Pinheiros conseguem. Beijos e o texto está ótimo aí.

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  2. Pois é, meninas (sim, Ivana/Adriana - Adriana/Ivana), somente hoje, 15/07, leio este depoimento emocionante e emocionado sobre o Sergio Pinheiro, pai de vocês, que teria completado 70 anos no último dia 7.

    Não vou dizer, como a drida911, do comentário anterior, que quase chorei. À medida que ia lendo, fui me emocionando de tal forma que, ao final, meus olhos estavam marejados e uma lágrima escorreu em meu rosto. Confesso, chorei, de emoção, por vocês, por seu pai, Sergio, que conheci e pude conviver um pouco na longínqua década de 1960.

    Ganhei do dia, pois pude resgatar também um pouco a figura de meu próprio pai, com quem tive o privilégio de um convívio, acredito, tão intenso e enriquecedor quanto o de vocês.

    Um beijo, meninas; aquele abraço, amigo Sergio. Cid

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